Socialismo Fabiano

Inglaterra

O Socialismo Fabiano é uma corrente socialista “moderada e gradualista”, surgida na Inglaterra no final do século XIX (fundada em 1884 com a Sociedade Fabiana). Ela fundamenta alguns pilares importantes para sua compreensão.

1. Gradualismo e Reformismo

Ao contrário dos socialistas revolucionários (como marxistas), os fabianos acreditavam que a sociedade poderia ser transformada de maneira lenta e pacífica, por meio de reformas institucionais amplas, abrangendo macro e micro estruturas de leis e políticas, que fomentam mudanças graduais na economia e na política — sem uma revolução violenta, mas que levaria as pessoas gradualmente ao socialismo estatal, algo similar à proposta de Antonio Gramsci quanto a hegemonia cultural.

2. Ênfase em Educação e Intelectualismo

Eles apostavam muito na educação das massas, dentro da cartilha e modelo idealizado pelos fabianos, e o uso desta influência intelectual para mudar a sociedade. Outra vez, similaridade com Gramsci. Em vez de apelar para a luta de classes, buscavam “converter” elites políticas e culturais às ideias socialistas.

3. Socialismo Estatal, mas Pragmatismo Econômico

Defendem que o Estado deveria controlar todos os setores estratégicos (como transporte, energia, saúde, segurança, educação), mas sem abolir toda a propriedade privada, aceitando os elementos do capitalismo onde fossem úteis. Isso depende do contexto geográfico, histórico e político de cada momento.

4. Símbolos e Estratégia

O símbolo da Sociedade Fabiana é uma tartaruga, com o lema: “Quando atacar, atacar ferozmente“. Isso mostra a filosofia: agir devagar e de forma calculada, mas implacável quando necessário.

Entre os líderes mais conhecidos estão “George Bernard Shaw” (também dramaturgo), “Sidney e Beatrice Webb” (importantes teóricos sociais) e “H.G. Wells” (escritor de ficção científica, que depois se afastou por achar os fabianos “lentos demais”). Entretanto, eles eram figuras públicas dirigidos por membros ocultos da Sociedade Fabiana, como a Távola Redonda de Cecil Rhodes e Alfred Milner.

Exemplo de estadistas brasileiros comprometidos com o socialismo Fabiano: Juscelino Kubitschek; Fernando Henrique Cardoso; Ernesto Geisel; José Serra.

As ideias fabianas, mesmo surgidas no século XIX, ainda têm enorme influência nas políticas públicas modernas, principalmente em países que desenvolveram “estados de bem-estar social” (welfare states). Hoje somos conscientes que essas políticas criaram déficits estatais colossais e impagáveis, onde os países da Comunidade Europeia e Reino Unido são os principais afetados por uma dívida pública que levará esses países a destruição econômica, seguido de modelos como dos EUA, México, Brasil e Argentina.

Os fabianos trazem o conceito de que “saúde deveria ser gratuita e universal”, propagado por intelectuais influenciados pelo pensamento fabiano, e pela injeção financeira de transformação da medicina moderna em um receituário farmacoquímico implantado pela migração dos investimentos em petróleo da família Rockfeller especialmente em empresas químicas e laboratórios farmacêuticos, isso nos anos 1930. As políticas de saúde pública passariam a ser ditadas pela Organização Mundial de Saúde a partir dos anos 1950 e Agências de Saúde dos Governos com base nas ideias fabianas e na indústria farmacêutica mundial, que estão interligadas.

A educação pública gratuita, obrigatória também é um legado fabiano. Não era apenas sobre ensinar a ler e escrever, mas formar cidadãos capazes de pensar conforme o socialimo e participar da vida política, exatamente como os fabianos defendiam. Hoje, muitos países (e muito forte no Brasil) têm políticas de acesso amplo à educação básica pública que carregam essa inspiração. Abominam o “home schooling” e a tutela de mestres e alunos, entretanto uma boa parte de intelectuais e elite da Sociedade Fabiana do passado foram educados por tutores antes de seguirem para universidades claramente fabianas como Harvard, Oxford, Cambridge, Yale.

Referente políticas de seguridade social, como seguro-desemprego, aposentadorias públicas, assistência social para famílias vulneráveis — tudo isso nasce da ideia fabiana de que o Estado precisa cuidar e proteger o indivíduo contra os riscos econômicos da vida. Para a elite fabiana, as pessoas ou o cidadão é incapaz de se cuidar e evoluir por si mesmo sem a interferência do estado nos mais amplos aspectos da vida como bem estar e saúde.

Em vez de abolir o mercado, como os comunistas tradicionais (não se aplica ao modelo chinês moderno) o fabianismo defende que o Estado regule setores estratégicos e controle monopólios naturais como energia, transporte público, abastecimento de água e combustível, desse modo exerce um controle efetivo de toda sociedade dependente destes insumos. Essa visão é dominante hoje em muitos países, onde não se elimina o capitalismo, mas se tenta corrigir suas “falhas” ele alegam, com regulação e políticas públicas penduradas em constituições amplas e complexas que interferem em várias subcamadas da vida social. O Brasil é um país socialista Fabiano por excelência, mas governado a mais de 30 anos por “marxistas” que se dizem moderados. Uma incoerência, talvez somente possível em Terra Brasilis.

Até hoje, o Partido Trabalhista britânico propaga a essência dos fabianos, embora tenha oscilado entre posições mais moderadas (como Tony Blair, nos anos 1990) ou mais à esquerda. Nos EUA, o movimento progressista (de Roosevelt a Biden) e a hegemonia cultural da “Cultura Woke” são oriundas dessa linha de pensamento, ainda que adaptado ao contexto americano. A América tem exportado o Woke para todo mundo ocidental.

O fabianismo vive hoje no mundo moderno através da amarração com sistemas públicos de saúde, educação gratuita, seguridade social, e na ideia central de que o Estado deve agir como um “guardião” das condições básicas da vida civilizada.

Objetivo geopolítico maior do Socialismo Fabiano, conhecido como “objetivo final” do socialismo fabiano, desde sua fundação, é construir uma sociedade mundial mais igualitária, homogênea e controlada globalmente sem a ruptura violenta da revolução, através do controle progressivo das instituições, da cultura, da educação e principalmente da legislação. A sociedade fabiana inglesa visava apenas reformar a Inglaterra, como alguns autores propõem, mas influenciar o mundo inteiro. Eles acreditavam e acreditam na criação de um governo global progressivamente, através da integração econômica, social e jurídica entre as nações.

Muitos fabianos eram apoiadores precoces ou financiadores da ideia de “organizações internacionais” como a Liga das Nações (depois ONU), e aspiram com uma governança mundial racionalizada, onde os Estados soberanos cederiam espaço para um sistema cooperativo, que na realidade seria o sistema corporativo de grandes corporações mundiais.

Importante ressaltar que a grande inspiração dos fundadores foi uma mistura de racionalismo iluminista, darwinismo social (eugenia se necessário – ver Wells e Shawn) e coletivismo progressista. O racionalismo iluminista consolida a crença que razão humana e o cientificismo (Wells propagou isso em seus romances famosos de ficção científica) pode progressivamente planificar uma sociedade mais justa e igualitária ao se suprimir a religião, espiritualidade e superstição. O Darwinismo social reformado, diferente do animal da Origem das Espécies que guia a “sobrevivência do mais forte”, passa a ser transfigurado em uma “adaptação inteligente e planejada” das sociedades — ou seja, guiar a evolução social, não deixar ao acaso, já que os fabianos são ateus e não acreditam em destino no conceito evolutivo da teologia e no retorno da humanidade ao Logos divino em linha com a filosofia metafísica platônica-socrática, hemética rosa-cruciana; teosófica; sufi, cristã e budista. Disseminam o coletivismo progressista como ideia de que a felicidade individual depende do bem-estar coletivo e, portanto, é legítimo o Estado organizar e planejar a vida econômica e social. Mais uma antagonização direta contra a linha de evolução pessoal e felicidade propagado na teologia e filosofia teosófica, onde o homem é uma centelha de Deus, capaz do livre arbítrio e, portanto, guiar sua felicidade pessoal. Assim, os fabianos sempre se viram como uma “elite esclarecida” que guiará as massas para um futuro melhor. O slogan do Agenda 2030 do Fórum Econômico Mundial: “você não terá nada e será mais feliz” está profundamente baseado nessa ideologia.

George Bernard Shaw dizia que os fabianos seriam “os novos arquitetos da civilização moderna”.

Por fim, e não menos importante, o assistencialismo governamental é a principal ferramenta de controle das massas, seguida da construção da cultura e da educação direcionada para as massas. A Assistência Social cria a dependência do Estado, mas, para os fabianos, “isso não é visto como opressão”, e sim como uma “proteção benevolente” deles para as massas pouco pensantes e imatura na condução de sua vida privada. Ampliar o papel do Estado significa reduzir a autonomia individual, substituindo o espaço da família, da igreja, das comunidades locais, pela autoridade técnica e “científica” do governo. Por essa razão criações fabianas como o “Woke”; “Gênero”; “Tribos”; desconectam as pessoas de suas origens culturais e familiares, e com o tempo, os cidadãos “passam a aceitar que o Estado organize não apenas sua saúde e educação, mas sua aposentadoria, sua segurança, seu emprego, sua forma de pensar e se relacionar” — criando uma cultura política baseada na submissão técnica, enaltecimento de minorias ou tribos e programando o cidadão para uma confiança irrestrita na autoridade estatal.

Como reflexão final, O fabianismo é uma engenharia social “extremamente sofisticada”: lenta, estratégica, focada em cultura e instituições, não em choque direto. Você dorme e acorda socialista um dia. Muito mais perigosa para as liberdades individuais como movimentos mais diretos como marxismo ou facismo, porque é “sedutora” e “racionalizada”. É um socialismo de longo prazo, baseado em aceitação por dependência assistencialista e programação neurolinguística, disfarçando qualquer imposição em regras mais “orgânicas”.