Pralaya e Manvântara

Índia, Tibet, China

Pralaya (Sânsc.) é o período de dissolução, sono ou repouso relativo ou total do Universo, que sobrevém ao fim de um Dia, de uma Idade ou de uma Vida de Brahma ou Deus. Porém, este termo não se aplica unicamente a cada “Noite de Brahma”, ou seja, à dissolução do mundo que segue a cada Manvântara*, aplica-se também a cada “Obscuridade” e a cada cataclismo que põe fim, através do fogo ou da água, alternadamente, a cada Raça mãe. Há muitos tipos de Pralaya, porém os principais são:


1º) o Naimittika, “ocasional” ou “acidental”, causado pelos intervalos dos “Dias de Brahma”, durante os quais Brahma (que é o próprio Universo) dorme em sua Noite. Este Pralaya é a destruição de todas as criaturas, de tudo o que tem vida e forma, porém não da substância, que permanece numa condição estacionária até que surja a nova aurora, ao terminar a Noite;


2º) o Prâkritika ou “elemental”, que ocorre no fim da Idade ou Vida de Brahma, quando tudo o que existe se dissolve no Elemento primordial, para ser novamente modelado no fim daquela Noite mais longa. Neste tipo de Pralaya, o retorno deste universo à sua natureza original é parcial e físico;


3º) o Atyantika, definitivo ou absoluto, que não se refere aos mundos ou ao Universo, mas unicamente a algumas individualidades, sendo, portanto, o Pralaya individual ou Nirvana, que depois de ter sido alcançado, não possibilita nenhuma outra existência futura ou renascimento até depois do Mahâ-Pralaya.


O Pralaya individual é a identificação do Encarnado com o Incorpóreo, temporalmente ou até que chegue o Mahakalpa seguinte. No Bhagavata-Purâna (1) fala-se de um quarto tipo de Pralaya, o Nitya ou perpétuo, ou seja, a dissolução contínua, que é a mudança que se opera de modo imperceptível e incessante em tudo o que há no Universo, desde o globo até o átomo. É progresso e decadência, vida e morte. (Doutrina Secreta, I, 397-399; II, 72, 323).


(1) Bagavata Purana (em devanágari: भागवतपुराण, Bhāgavata Purāṇa), Serimade Bagavata Maa Purana (Śrīmad Bhāgavata Mahā Purāṇa), Serimade Bagavatam (Śrīmad Bhāgavatam) ou simplesmente Bagavata (Bhāgavata) é um dos dezoito principais textos purânicos (Maapuranas).


https://pt.wikipedia.org/wiki/Bagavata_Purana

A Teosofia admite também vários tipos de Pralaya: há o Pralaya individual de cada globo, passando a humanidade e a vida para o próximo, havendo sete Pralayas menores em cada Ronda 9vide Cosmogênese Teosófica); o Pralaya planetário, quando foram completadas as sete Rondas; o Pralaya solar, quando chega ao fim todo o sistema; e, finalmente, o Pralaya universal (Mahâ ou Brahmâ Pralaya), ao término da Idade de Brahma. Estes são os Pralayas principais, porém há outros Pralayas menores. O Mahâ-Pralaya, Pralaya universal ou final é a morte do Cosmos, a reabsorção do Universo. Nele, todas as coisas se dissolvem em seu Elemento único original; os próprios deuses (Brahmâ, etc.) morrem e desaparecem durante essa longuíssima Noite. A Prakriti e o Purucha (Natureza e Espírito) se dissolvem sem qualidades ou atributos no Espírito Supremo, que é o TODO. O Espírito permanece no Nirvana, ou seja, Aquele para o qual não há Dia nem Noite. Este Grande Pralaya ocorre no fim de cada Idade de Brahma. Todos os demais Pralayas são menores, parciais, periódicos e seguem os Manvântara2 em sucessão regular, como a noite segue o dia de cada ser terrestre.


Assim é que, depois de cada Dia de Brahma, vem um Pralaya parcial, cuja duração é a mesma daquela do Manvântara ou, em outros termos, a duração da Noite é igual àquela do Dia de Brahma. Nestes Pralayas menores, os mundos permanecem numa condição estacionária, encontram-se num estado latente de inação ou passividade, como que adormecidos, durante todo este período, para novamente despertarem na aurora do novo Dia. Durante a onga Noite de descanso ou sono do Universo, chamado de Pralaya universal, quando todas as Existências estão dissolvidas, a Mente universal permanece como uma possibilidade de ação mental ou como aquele Pensamento absoluto abstrato, do qual a mente é a manifestação relativa concreta.

Então, toda a ideação cósmica cessa, porque não existe nada nem ninguém para perceber seus efeitos. Brahma, a própria Divindade, encontra-se em estado latente, como que dormindo. Os variados estados em que se encontra diferenciada a substância cósmica dissolvem-se no estado primordial de objetividade potencial abstrata. Nosso Cosmos e toda a Natureza se extinguem, para reaparecerem somente num plano mais perfeito, depois de um longuíssimo período de repouso. Os inumeráveis globos desintegrados são novamente construídos a partir do antigo material e reaparecem transformados e aperfeiçoados para uma nova fase de vida. Segundo o Ocultismo, os Pralayas cíclicos são apenas “Obscurações”, durante as quais a Natureza, isto é, todas as coisas visíveis e invisíveis de um planeta em repouso, permanecem estacionárias. Doutrina Secreta, H.P.Blavatsky.”

2º Manvântara2 ou Manwantara (Sânsc.) – Um período de manifestação [do Universo], oposto ao Pralaya (repouso ou dissolução); termo aplicado a vários ciclos, especialmente a um Dia de Brahma, que compreende 4.320.000.000 de anos solares e ao reinado de um Manu, equivalente a 306.720.000 (Doutrina Secreta, II, pp. 69 e ss.).


Literalmente significa “período entre dois Manus” (Manu-antara). [A expiração do Princípio Criador; o período de atividade cósmica entre dois Pralayas.
Cada Manvântara divide-se em sete períodos ou Rondas e, assim, cada Globo tem sete períodos de atividade, durante um Manvântara. (A. Besant, Sabedoria Antiga, 419).


O Manvântara, ou período entre dois Manus, constitui uma Ronda ou ciclo de existência correspondente a um Manu e durante o qual existe uma humanidade de certo tipo. Quatorze Manvântaras formam um Kalpa ou Dia de Brahma. Contudo, os Manvântaras, assim como os Kalpas, segundo se expressa na linguagem dos Purânas, hão de se estender em suas diversas referências, pois tais idades referem-se tanto aos grandes períodos como aos pequenos, aos Mahâkalpas e aos ciclos menores. (Doutrina Secreta, I, 396).
Estes diversos modos de apreciação são notados, sobretudo, quando se comparam os dados da ciência ortodoxa com aqueles da ciência esotérica. (Ibidem, II, 752).


Assim, pois, a duração do Manvântara, considerado como décima quarta parte de um Kalpa ou Dia de Brahma, seria de 308.448.000 anos (ou de 306.720.000, como se lê em outras partes); enquanto, considerado como um ciclo de 71 Mahâyugas, constituiria um período de 36. 720.000 anos. Atualmente nos encontramos no sétimo Manvântara.


The Theosophical Glossary, Theosophical Publishing Society, London 1892.