Grécia
Sócrates; Pitágoras; Platão; Heráclito
Para Platão, o termo Logos tem uma profundidade significativa e múltiplas dimensões, sendo central em sua filosofia. A palavra grega “Logos” literalmente pode ser traduzida como “razão”, “discurso”, “palavra”, “argumento” ou mesmo “estrutura racional”. Em diferentes diálogos, Platão usa o termo em contextos variados, mas sempre em conexão com a ideia de racionalidade, conhecimento e comunicação.
Entretanto para Platão, o Logos tinha o aspecto maior da mística manifestada no universo e no homem através da sua capacidade de ascensão da condição humana paea a condição deífica, ou de união espiritual, ou retorno a fonte, que tudo emana e rege, Deus. Tudo isso foi traduzido do grego antigo ou do coopto de forma que, além do desafio da tradução, conceber como pensavam os filósofos e iniciados em 350 a.C. é uma tarefa árdua em nosso mundo tecnológico-científico atual.
No contexto dos diálogos, Platão frequentemente associa o Logos à capacidade humana de pensar e argumentar de forma estruturada. Ele é o meio pelo qual se articulam ideias e se busca a verdade. Nos debates entre Sócrates e outros interlocutores, o Logos mental e o espiritual são os caminhos em essência para o exame crítico das crenças e conceitos.
Para Platão, o Logos não é apenas o discurso em si, mas também a estrutura racional subjacente que organiza o pensamento e a realidade. Ele está relacionado à capacidade humana de compreender o mundo de maneira holística e alcançar o conhecimento verdadeiro, transcendendo as opiniões (doxa) e aproximando-se do conhecimento verdadeiro ou a fonte divina (episteme).
No âmbito metafísico, o Logos pode ser entendido como a ponte que conecta o mundo sensível (material e mutável) ao mundo das ideias (eterno e imutável). É por meio do Logos que a alma humana tem acesso às ideias e compreende a ordem universal, se unindo outra vez à fonte primordial de onde partiu quando da Criação para processar sua jornada evolutiva de descida ao mundo sensível e retorno ao mundo das ideias.
Em diálogos como o República e o Fedro, o Logos desempenha um papel educativo. É através do diálogo e da argumentação que Platão acredita que os indivíduos podem ser conduzidos à compreensão da verdade e ao bem. Logos como Harmonia e Ordem – No pensamento platônico, o Logos também implica uma ordem cósmica ou racionalidade universal. Ele é o princípio que dá sentido ao cosmos, conferindo-lhe harmonia e estrutura, Maat* dos egípcios (ver Dicionário do Pensamento). O Logos, para Platão, transcende a mera palavra ou discurso. Ele é o veículo pelo qual se atinge a verdade e a estrutura que organiza tanto o pensamento humano quanto o próprio cosmos. Em essência, o Logos é a conexão entre a razão humana e a realidade suprema, ou seja, Deus.
A teosofia do século XIX, através de H.P.Blavatsky em seus escritos A Doutrina Secreta, busca os elementos relativos ao sentido do Logos nas escolas iniciáticas platônicas, pitagóricas e neo-platônicas da Grécia, Egito Ptolomaico e Asia Menor.
Logos dos adeptos estoicos greco-romanos como Sócrates, Platão, Heráclito, Cícero e Sêneca, logos spermatikos, o princípio gerador do universo, a Lei, que rege o funcionamento do Universo, propiciando a sua fundação ao agir sobre a matéria inanimada, como fonte Divina de inspiração e harmonia. O Logos está presente também nos seres humanos segundo o estoicismo, unificando matéria e espírito. O Logos dos estoicos vem da herança de Hermes o Trimegisto e das escolas iniciáticas egípcias onde Platão e Pitágoras se tornaram Adeptos.
Logos é a Divindade manifestada em cada nação e povo; (ler Alice Bailey – O Destino das Nações); a expressão exterior ou o efeito da Causa que permanece sempre oculta ou não manifestada. Assim, a linguagem é o logos do pensamento; por isso se traduz Logos corretamente com os termos “Verbo” e “Palavra”, em seu sentido metafísico. Saído das profundezas da Existência Una, do inconcebível e inefável Um; o Logos, impondo-se um limite, circunscrevendo voluntariamente a extensão de seu próprio Ser, torna-se o Deus manifestado e, ao traçar os limites de sua esfera de ação, determina também a área de seu Universo.
Dentro de tal esfera nasce, evolui e morre este Universo, que no Logos (Mundo das Ideias de Platão) vive, move-se e tem seu ser. A matéria do Universo é a emanação do Logos e suas forças e energia são as correntes de sua vida. O Logos é imanente em cada átomo, é onipenetrante; tudo o sustenta, tudo o desenvolve. É o princípio (ou origem) e o fim do Universo, sua causa e objeto, seu centro e circunferência… Está em todas as coisas e todas estão nele. O Logos solta-se de si mesmo, manifestando-se em sua forma tríplice: o Primeiro Logos, raiz ou origem do Ser; dele procede o Segundo Logos, manifestando os dois aspectos de vida e forma, a primitiva dualidade, que constitui os dois polos da Natureza, entre os quais se há de tecer a trama do Universo: Vida-forma, Espírito-matéria, positivo-negativo,ativo-receptivo, pai-mãe dos mundos; por último, o Terceiro Logos, a Mente Universal, na qual existe o arquétipo de todas as coisas, fonte dos seres, manancial das energias formadoras, arca onde se encontram armazenadas todas as formas originais, que hão de se manifestar e aperfeiçoar nas classes inferiores da matéria, durante a evolução do Universo., segundo A. Besant, Sabedoria Antiga.
Em outros termos: do Absoluto, ou seja, do Parabrahman (Sânscrito)*(ver Dicionário do Pensamento), a Realidade Única, Sat, que é por sua vez o Absoluto Ser e Não-Ser, procede:
1°) o Primeiro Logos, o Logos impessoal e não manifestado, precursor do manifestado. Esta é a “Causa Primeira”, o “Inconsciente” dos panteístas europeus;
2°) o Segundo Logos: Espírito-Matéria, Vida; o “Espírito do Universo”, Purucha e Prakriti (Sânscrito);
3°) o Terceiro Logos, a Ideacāo cósmica, Mahat ou Inteligência, a Alma universal do mundo, o Número cósmico da Matéria, a base das operações inteligentes em e da Natureza, também chamado de Mahâ-Buddhi.
(Doutrina Secreta,I,44)

