Roma, discurso escrito (mas nunca proferido) em 1486 por Giovanni Pico della Mirandola (1463-94)
Um discurso que incorporou os conceitos-chave do Renascimento, muitas vezes referido como o “Manifesto do Renascimento”.
A Oração sobre a Dignidade do Homem” foi um discurso escrito (mas nunca proferido) em 1486 por Giovanni Pico della Mirandola (1463-94), com apenas vinte e três anos de idade e já considerado um dos maiores filósofos e humanistas de sua época. Mirandola abandonou o estudo do direito canônico em 1480, optando pela filosofia após a morte de sua mãe. A Oração foi concebida como uma introdução às suas 900 Conclusões, uma seleção de teses teológicas extraídas de diversas fontes. O discurso era “puro Renascimento, incorporando todos os preceitos que fizeram do Renascimento (c. 1450-) o que ele foi: a crença na primazia humana e na capacidade da humanidade de remodelar o ambiente, inventar qualquer coisa ou ser qualquer coisa.
Se um homem pudesse cultivar adequadamente tudo o que é racional, ele, dizia Mirandola, se revelaria um ser celestial. Mirandola enfatizou o domínio da humanidade sobre a criação e como os humanos foram dotados de dons divinos que os distinguem de todas as outras criaturas. Ele considerava os seres humanos como o ápice da criatividade de Deus, mas não os subjugar ao cristianismo romano e outras religiões, citando diversos intelectuais e filósofos de outras crenças para sustentar sua ideia de que todos os seres humanos são igualmente capazes de ponderar sobre os mistérios da existência.
Ele também encorajou seus ouvintes a seguirem seus próprios caminhos e a não se intimidarem com as doutrinas ou hierarquias da Igreja, e ofereceu-se para custear as despesas de viagem de qualquer estudioso disposto a ir a Roma e debater suas ideias com ele em um fórum público. Após a publicação de “900 Conclusões”, várias teses de Mirandola foram denunciadas como heréticas pelo Papa Inocêncio VIII, e Mirandola foi brevemente preso. Ele pretendia que o Discurso fosse o precursor de um compêndio definitivo sobre as conquistas intelectuais, práticas e filosóficas da humanidade, mas o livro nunca foi concluído devido à sua morte prematura.
A despeito de traduções e interpretações modernas, que podem estar equivocadas, quando Mirandola e alguns filósofos renascentistas, assim como teólogos da Igreja Romana, defendem a posição do Homem como Centro do Universo, ou seja, o elemento da Criação com habilidade de se conectar ao Logos Primordial pela ascensão espiritual e filosófica se tornando Uno com a Divindade ou Criação. É a conexão com o “Geocentrismo místico”, mal interpretado na modernidade pelo exclusivo ângulo astrofísico da sua contraposição, o Heliocentrismo (Terra gira em torno do Sol e não ao contrário que prega o Geocentrismo mal interpretado).
“Isto é o que Moisés nos ordena… admoestando, instando e exortando-nos a nos prepararmos, enquanto podemos, por meio da filosofia, trilhar o caminho para a futura glória celestial.”
Discurso sobre a Dignidade do Homem (1486)

